SELEÇÃO HOLANDESA

Confira a entrevista de Jens Toornstra ao VI

Jens Toornstra

Como Jens Toornstra acompanha a Copa do Mundo?

“Na verdade, sou um torcedor fanático. Durante a Copa do Mundo de 2014, quando também estava jogando no FC Utrecht, assistimos aos jogos da Holanda com amigos no centro da cidade. Isso é diferente com a Copa do Mundo sendo disputada no final do ano. Mas, na verdade, eu faço o mesmo que a grande maioria da torcida holandesa: me encontro com os amigos e visto a camisa Laranja”

Você costuma assistir aos jogos da seleção com alguma camisa da Holanda que já vestiu dentro de campo?

“Eu não tenho tantas camisas Laranja no armário. Não é aquela em que joguei uma partida oficial. Eu sou cuidadoso com isso. Eu costumo escolher uma camisa dos meus tempos de seleção de base”

O que você espera da Holanda na Copa do Mundo?

“Avançar da fase de grupos, era algo que todos já esperávamos, depois disso, também tem que ter um pouco de sorte com o desenho de confrontos que se costura para o mata-mata. Eu não rotulo a seleção holandesa como favorita, mas como uma boa seleção que corre por fora. Se correr bem e os cruzamentos nos favorecer, acho que podemos chegar na final. Nós conseguimos jogar alguns bons torneios, mas a nossa estante de troféus ainda está muito vazia”

O resultado de uma Copa do Mundo no final do ano é uma parada no meio da temporada. Como está sendo isso para vocês jogadores?

“Isso é muito louco. Assisti às duas primeiras partidas da seleção holandesa em Curaçao. Na praia e ao meio-dia. É muito estranho estar deitado na praia em novembro. Claro que foi bom agora, mas estou ansioso para o retorno da Eredivisie. Ainda estamos vivos na Copa da Holanda e jogamos apenas 14 partidas da Eredivisie. Eu prefiro jogar a treinar”

No FC Utrecht, você já errou o caminho?

“Apenas uma vez e foi sonhando. Eu dirigi em direção a Den Bosch enquanto precisava pegar a A2 para Amsterdã”

Durante sua apresentação no FC Utrecht, você expressou seu medo de dirigir acidentalmente para Roterdã.

“Correto. Por hábito. Foram oito anos dirigindo para Roterdã todos os dias. Mesmo caminho todos os dias e isso já estava de forma automática na minha cabeça. Os seres humanos são criaturas de hábitos e certamente sou assim também. Após oito anos, você faz as coisas no piloto automático”

Você sente falta de De Kuip?

De Kuip tem uma atmosfera única, especialmente durante os jogos europeus à noite. Eu estava na arquibancada na partida da Liga Europa contra o FC Midtjylland. Eu também disse a minha namorada naquela noite que posso aproveitar muito mais agora. É muito especial entrar nesse campo como jogador, mas quando você entra como jogador, entra concentrado e perde tudo que está acontecendo nas arquibancadas do estádio. Como torcedor, você ganha muito mais. Naquela noite vi a belíssima festa feita pela torcida do Feyenoord e foi muito lindo. Eu nunca tinha prestado atenção nisso. O Feyenoord é o meu clube e nunca escondi isso de ninguém. Mas se jogarmos contra o Feyenoord pelo FC Utrecht, quero vencer”

Você se arrependeu de deixar o Feyenoord?

“Na verdade, não. Isso se deve principalmente a minha escolha de voltar ao FC Utrecht. Eu conhecia as pessoas aqui, a organização. Imediatamente pareceu uma escolha sensata. Além disso, temos um elenco muito bom aqui no FC Utrecht. Eu gosto de vim trabalhar todos os dias com esses jogadores. E o que me deu a certeza de que eu estaria fazendo a escolha certa, é que aqui eu teria muito mais chances de jogar toda semana, diferentemente do que aconteceria se eu estivesse no Feyenoord. Se já estava complicado receber oportunidades na temporada passada, imagina agora que o Feyenoord se reforçou muito bem. Diante de tudo isso, acredito que fiz a melhor escolha”

Era muito importante para o Feyenoord manter você lá por mais uma temporada.

“Sim. Eu conversei com Arne Slot sobre o meu papel, minha posição e capitania. Mas também a experiência que tive na temporada passada como reserva. O treinador já esteve em uma situação semelhante como jogador e entendeu bem os meus pontos. Todo jogador que envelhece, vai perdendo espaço na equipe titular e precisa saber lidar bem com isso para continuar agregando ao grupo, mas de uma nova forma. Nós conversamos sobre isso muito honestamente. Ele não podia prometer ou garantir nada e eu entendi isso. Mas eu realmente queria jogar. Um sentimento que só ficou mais forte à medida em que a temporada estava se aproximando. Estou no fim da minha carreira e quero estar em campo. O treinador deixou claro várias vezes para mim que queria que eu continuasse no Feyenoord e Dennis te Kloese também disse isso. Mas a minha decisão já estava tomada”

Você queria ser um jogador de futebol, não um exemplo?

“Exatamente. Um jogador titular trabalha toda a semana para chegar ao final da semana e ser titular. É uma sensação maravilhosa. Se você começa a perder espaço no time titular, as coisas começam a mudar. Claro que temos que entender que novos jogadores chegam para ajudar ao time, mas não é fácil. E na temporada passada, isso começou a me incomodar cada vez mais. Foi um processo chato. Não estou reclamando da decisão de Arne Slot, estou apenas falando como me sentir”

Parece um grande passo para trás, afinal de contas você estava disputando a final da UEFA Europa Conference League na temporada e agora está no FC Utrecht.

“Não vejo dessa forma. É claro que sinto falta do futebol europeu. O objetivo é trabalhar para que o FC Utrecht chegue nessas competições. E não penso em chegar à final da UEFA Europa Conference League com o FC Utrecht, mas apenas disputar o torneio já seria algo muito bom”

Isso é o que os torcedores do FC Utrecht escutam todos os anos, mas raramente conseguem ver seu time nas competições europeias.

“Na Holanda existe um cenário muito bem claro dos times que brigarão por vagas nas competições europeias. Nós temos três clubes que tradicionalmente brigam por títulos e as melhores vaga europeias. O AZ Alkmaar e o FC Twente se consolidaram como clubes que cresceram nos últimos anos e estão brigando forte por disputar essas vagas. Nós sabemos que o FC Utrecht precisa se consolidar para entrar na briga com AZ Alkmaar e FC Twente”

Certamente o FC Utrecht deve ser capaz de competir com o FC Twente?

“Nas últimas temporadas, os dois clubes não têm sido muito diferentes um do outro. Acho que o FC Twente é mais consistente agora. Conquistamos muitos pontos antes da pausa para a Copa do Mundo, mas nosso jogo ainda não é consistente suficiente. Nosso time joga um bom segundo tempo contra o FC Groningen, mas uma semana antes contra o SC Heerenveen, é irreconhecível dentro de campo. Isso acontece menos com o FC Twente. Para poder desafiar seriamente o FC Twente e talvez o AZ Alkmaar, é preciso ser bom o tempo todo. No nosso caso, precisamos de oscilar não só de um jogo para o outro, mas dentro das próprias partidas, quando fazemos uma etapa muito boa e depois caímos drasticamente e até deixamos a vitória escapar”

Foi uma primeira metade de temporada agitada. Henk Fraser estava ocupado tentando encontrar a melhor equipe.

“Sim. Chegaram novos jogadores no elenco e até Henk Fraser é novo no clube. Quando faltavam cinco jogos para o final dessa primeira parte da temporada, nosso elenco se sentou e conversou. Nós precisávamos mostrar dentro de campo que somos um time forte. Nós sabemos que seremos derrotados, mas isso deve acontecer em situações pontuais e não em jogos onde temos que ganhar. Essa é uma equipe muito boa, mas algumas coisas precisavam ser ditas e ajustadas. Pensamos também em como melhorar a união do grupo e marcamos algumas saídas. Henk Fraser não é o tipo de treinador que sai com o elenco para jogar paintball, então nós precisamos tomar essa situação. Recentemente, saímos para jantar com todo o elenco e pouco antes da pausa para a Copa do Mundo, fomos a um simulador de corrida. Isso é divertido e ajuda a melhorar a união do grupo. Queremos criar um grau de invencibilidade”

Você agora exerce uma nova função no campo e está jogando mais como um jogador que controla as ações da equipe.

É uma posição pouco diferente, sim. Embora eu também tenha jogado um pouco mais controlando no Feyenoord. Provavelmente isso tem a ver com a idade. Conforme você envelhece, você vai sendo recuado cada vez mais. Acho que em dois anos jogarei ao lado de Mike van der Hoorn na defesa. O nosso treinador gosta que a nossa equipe tenha a posse de bola como recurso para se defender. No começo eu demorei um pouco para me acostumar com essa nova função. Nesta função, eu recebo muito a bola e tenho o campo todo na minha frente. Isso é muito bom. Agora gosto dos momentos em que dominamos o campo adversário”

Mas e se um lugar mais próximo dos atacantes estiver disponível, você conversará com Henk Fraser para receber uma chance?

“Sim, conversarei com ele. Todo mundo quer ajudar nas construções das jogadas, mas neste momento, o nosso treinador entende que consigo contribuir melhor como um camisa seis, e não tem problema”

Vamos voltar ao tema das ambições do FC Utrecht nesta temporada. O presidente do clube disse que o FC Utrecht tinha que buscar as três primeiras colocações da Eredivisie. Como você vê isso?

“Eu gostei muito desse pensamento e dessa visão. Por isso estou aqui. Eu acho que temos condições de brigar contra os três grandes da Holanda, mas para isso, precisamos ajustar e melhorar o nosso jogo dentro de campo. Este é um grande clube. Nós temos torcedores apaixonados, temos uma estrutura que não deixa nada a desejar para Ajax, PSV e Feyenoord”

SC Heerenveen e FC Groningen estão atualmente alocando maiores para investir em seus elencos profissionais, valores maiores do que o próprio FC Utrecht vem fazendo.

“Não podemos depender apenas de um jogador. Eu acho que ao final de tudo, o que vale é o plano que a diretoria em conjunto com a comissão técnica monta. O FC Utrecht precisa investir nas categorias de base e revelar grandes jogadores, para vender e conseguir reinvestir no time principal. É assim que o AZ Alkmaar vem se consolidando na Holanda. Mas mesmo assim, Feyenoord, Ajax e PSV estão a quilômetros de distância em termos de orçamento”

Se o plano é revelar jogadores, então o que justifica contratar jogadores como Jens Toornstra, Bas Dost e Nick Viergever?

“Agora eu tenho que defender o meu lado. Todo mundo sabe que você não conseguirá avançar esportivamente falando, apenas com jovens jogadores e nem só com jogadores experientes, é necessário criar uma mescla. Os caras que você mencionou podem ajudar ainda mais o FC Utrecht. Além disso, deve haver o crescimento desde as categorias de base. O que o FC Utrecht fez bem nas últimas temporadas, foi introduzir o Jong FC Utrecht na Keuken Kampioen Divisie. Neste clube há muito espaço para que os talentos se desenvolvam mais e mais”

Após sua carreira como jogador, você poderá retornar ao Feyenoord como um dirigente. O que você fará?

“Eu certamente quero investir nessa área. O Feyenoord é um clube de futebol maravilhoso, mas também há toda uma surpresa por trás dele na qual posso desempenhar um papel. Mas então tem que ser algo que eu goste. O que é, ainda não sei. Estou na bolha do futebol há anos”

Você ainda tem contrato com o FC Utrecht até o final da temporada 2023/24 e mais uma temporada como opção.

“Exatamente. Nesse sentido, ainda tenho algum tempo dentro das quatro linhas. Essa questão do que farei depois, estou pensando com calma e avaliando as possibilidades”

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