SELEÇÃO HOLANDESA

O que podemos aprender com a derrota para a Argentina na Copa do Mundo de 2014?

Ron Vlaar

O duelo entre Holanda e Argentina já pode ser considerado um clássico da Copa do Mundo. Na próxima sexta-feira, no Catar, as duas seleções se encontrarão novamente, mas dessa vez, o confronto definirá qual das duas seleções estará disputando a semifinal do mundial.

Há oito anos, as duas seleções se enfrentaram nas semifinais da Copa do Mundo de 2014. Foi uma partida para ficar na memória. A Holanda perdeu nos pênaltis, após um 0 a 0, sem graça.

Com mais de nove milhões de telespectadores na Holanda, foi a transmissão televisiva mais assistida na Holanda, da história, apesar do horário. O jogo começou às 22h, horário na Holanda. Mas poucas pessoas verão o jogo novamente. Recordamos aquela noite triste para a seleção holandesa, com o zagueiro Ron Vlaar.

“Foi um jogo muito ruim e chato, com apenas uma chance decente. Eram duas equipes que não queriam correr riscos, mas que se preocupavam principalmente em destruir os ataques adversários” lembra Greuter, comentarista da NOS.

A imprensa internacional concordou com Greuter.

“Foi um pesadelo” escreveu o The Sun. “Uma semifinal incrivelmente chata” disse o Het Nieuwsblad. “Foi uma noite longa sob a chuva de São Paulo, com dois times sem ideias para atacar” disse o The Guardian.

Um dia antes, o mundo havia assistido a outra semifinal entre Brasil e Alemanha, onde terminaria com vitória alemã por 7 a 1. Este jogo foi diferente: as duas equipes jogaram com expectativa, quase ansiosas.

A única finalização boa da Holanda antes do intervalo, foi um voleio de Wesley Sneijder que passou a alguns metros de distância. A Argentina teve duas boas chances, incluindo uma cobrança de falta de Lionel Messi que foi facilmente defendida por Jasper Cillessen.

O craque argentino quase não apareceu no jogo e isso se deveu em parte pela belíssima atuação de Ron Vlaar, para quem a semifinal foi uma corrida contra o relógio. Ele sofreu uma lesão no joelho contra a Costa Rica.

“Eu não estava totalmente bem para jogar aquela partida, mas consegui treinar, mas uma ressonância magnética mostrou que estava tudo bem. Nós entramos naquele jogo com uma confiança muito elevada, nada diferente dos jogos anteriores” disse o defensor.

Como Ron Vlaar garantiu que Lionel Messi não conseguisse jogar naquele jogo?

“Não colocamos ninguém em Lionel Messi especificamente. Você não sabe se eles têm a bola ou não, ele está apenas tentando se livrar. A ideia era marcar ele por zona e garantir que o resto da nossa defesa estivesse pronta para destruir qualquer jogada. E isso funcionou muito bem, porque ele dificilmente foi perigoso” disse Ron Vlaar.

“Mas uma coisa que repetíamos todos os momentos é que não estávamos jogando contra Lionel Messi, estávamos jogando contra a Argentina e naquele momento, eles tinham jogadores de altíssimo nível como Gonzalo Higuaín, Javier Mascherano, Ángel Di María” falou Ron Vlaar.

O segundo tempo seguiu o mesmo cenário do primeiro tempo. No minuto final houve a chance para a Holanda. Arjen Robben, assim como na final da Copa do Mundo de 2010, teve uma grande chance para matar a partida, mas desperdiçou.

“Javier Mascherano conseguiu travar o chute de Arjen Robben. Era uma grande oportunidade para ganharmos a partida, mas infelizmente não aconteceu” disse Ron Vlaar.

A prorrogação seguiu na mesma linha do primeiro e segundo tempo. A Holanda assumiu o controle, mas não foi além de uma finalização de Arjen Robben, o primeiro e o último chute holandês. A Argentina teve mais duas grandes chances, nas quais Jasper Cillessen fez duas boas defesas. A disputa de pênaltis era necessária.

“A Holanda não teve medo dos pênaltis, após a substituição bem-sucedida nas quartas de final contra a Costa Rica, quando Jasper Cillessen foi substituído por Tim Krul na série de pênaltis” disse Grueter.

“Mas desta vez, Louis van Gaal foi forçado a aplicar a última substituição, de modo que o truque de goleiros não aconteceu” completa Grueter.

E havia outro problema para Louis van Gaal contornar: Robin van Persie já havia sido substituído, e ele seria o primeiro batedor da Holanda. Lvgg pediu a dois outros jogadores que cobrassem o primeiro pênalti, mas eles recusaram. E então o comandante holandês chegou ao melhor homem em campo: Ron Vlaar.

“O problema era que alguém quisesse bater o primeiro pênalti. Todos sabiam já quais cobranças teriam que fazer, mas ninguém queria bater a primeira. Enfim, eu assumi a responsabilidade e falhei, faz parte” disse Ron Vlaar.

Assim como a cobrança de Ron Vlaar, a finalização de Wesley Sneijder também foi defendida por Sergio Romero e isso garantiu a Argentina que chegasse na final da Copa do Mundo.

Apesar do final cruel, Ron Vlaar foi elogiado.

“O perigo é que Ron Vlaar se torne o melhor em campo, e isso não é um bom sinal” twittou o apresentador da BBC, Gary Lineker durante a partida.

“A melhor atuação de um zagueiro nesta Copa do Mundo até agora” disse o ex-zagueiro, Rio Ferdinand.

O próprio Ron Vlaar também notou que estava fazendo um bom trabalho naquela noite. “Mas eu não estava ocupado com isso. Eu estava apenas focado em realizar as minhas tarefas dentro de campo”.

LIÇÃO DE 2014

Há lições desse jogo para Louis van Gaal? “A maneira de jogar da Argentina não é muito diferente hoje do que era naquela Copa do Mundo. Tudo ainda gira em torno de Lionel Messi. E a Holanda joga no mesmo esquema de jogo. Portando, a chance de repetição de jogadas é alta” disse Greuter.

Ron Vlaar também espera o mesmo tipo de partida: “As diferenças são poucas. A Argentina tem qualidades individuais um pouco menor do que em 2014. Mas talvez nós também tenhamos, não temos Arjen Robben, Wesley Sneijder e Robin van Persie”.

“Mas tenho um bom pressentimento sobre isso. Veja a crença e a mentalidade da equipe. Todos querem ver um grande futebol, mas isso é obviamente um absurdo. É sobre vencer”

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