O treinador da Holanda Sub21, Michael Reiziger vê em Anass Salah-Eddine um jogador importante para o novo ciclo de eliminatórias para a Eurocopa Sub21. Anass Salah-Eddine já conquistou um título com a seleção holandesa de base. O lateral também relembra meses turbulentos e cheios de altos e baixos no Ajax.
Uma nova realidade surge em Zeist. Após cinco anos, o treinador holandês, Erwin van de Looi deixou a Holanda Sub21 para abrir espaço para a chegada de Michael Reiziger. Para Anass Salah-Eddine, a situação é completamente diferente.
“Eu fiz meu primeiro jogo com a Holanda Sub21 em março, quando ainda era um dos jogadores mais jovens. Agora, seis meses depois, acho que sou até o mais velho do grupo” disse o lateral do Ajax.
“Com isso, precisamos assumir um papel diferente, um papel de liderança no grupo para que os mais jovens se sintam bem-vindos e em casa o mais rápido possível. Isso combina comigo como pessoa. Eu também gostei quando os jogadores mais velhos puderam me deixar mais calmo e mais à vontade. Por exemplo, Mitchel Bakker, Jurgen Ekkelenkamp e Ludovit Reis me ajudaram demais” disse Anass Salah-Eddine.
Em qualquer caso, Anass Salah-Eddine já não precisa se apresentar ao novo treinador da Holanda Sub21. Ele trabalhou com Michael Reiziger nas categorias de base do Ajax e também houve contato ocasional durante o período em que ele estava emprestado ao FC Twente. Depois de ses meses complicados em Enschede, o onde o jovem lateral esquerdo se viu no banco de reservas com mais frequência do que gostaria, ele lutou para entrar no time e acabou sendo convocado pela primeira vez para a Holanda Sub21.
Michael Reiziger acompanhou o desenvolvimento de Anass Salah-Eddine no FC Twente, mas já ficou impressionado.
“Eu realmente achei que Anass Salah-Eddine era muito bom no FC Twente, especialmente como meio-campista. Eu também falei com ele uma vez e disse que ele estava se desenvolvendo bem. Eu realmente gosto dele nessa posição de número seis” disse Michael Reiziger.
“Na verdade, não tenho preferência e estou aberto a jogar onde for necessário. É claro que sou um lateral esquerdo de formação, mas no meio de campo podemos usar a energia e passar muito mais tempo com a bola, o que é bom. Demorei um pouco para me acostumar. Joguei no meio de campo durante as categorias de base no Ajax e AZ Alkmaar, mas não com frequência e de forma consistente. Mas percebi que não joguei muito como lateral esquerdo no FC Twente, porque Gijs Smal era titular” comentou Anass Salah-Eddine.
E assim o Amsterdammer abordou o treinador do FC Twente, Ron Jans.
“Depois de alguns meses eu conversei com Ron Jans e disse que estava disposto a jogar no meio de campo, caso não tivesse oportunidade como lateral esquerdo. Ele me deu uma oportunidade e gostei do meu rendimento no meio de campo” disse Anass Salah-Eddine.
Na segunda metada da temporada no FC Twente, Anass Salah-Eddine conseguiu entrar no time fazendo dezessete partidas pelos Tukkers. O clube queria mantê-lo mas Anass Salah-Eddine tinha outro planos.
“O FC Twente é um clube muito bom e tive um bom período lá, foi uma escolha muito difícil. Mas venho para Amsterdã e o meu objetivo sempre foi ter sucesso no Ajax. Certamente ainda não tire o FC Twente da cabeça, mas primeiro queria arriscar no Ajax” explica Anass Salah-Eddine.
De volta para Amsterdã, ele começou a se preparar com a missão clara de se firmar no time principal comandado por Maurice Steijn.
“Eu tenho que fazer tudo, todo os dias e mostrar meu potencial. Mostrar que quero jogar, que eu devo ser titular. Foi um período bastante estranho, porque o elenco ainda não estava completo. Em alguns treinamentos eu era o mais velho na defesa. Já joguei como zagueiro, lateral esquerdo e direito. Demorei um pouco para me acostumar, mas isso faz parte. Sempre soube o que posso fazer e foi bom que tenha dado certo” disse Anass Salah-Eddine.
Para o jovem foi a confirmação de que queria ficar em Amsterdã.
“Rapidamente eu senti: só quero aproveitar minha chance aqui. Porque vc percebe como vc se enquadra no grupo e como partida. Então sabemos aproximadamente quais são as suas chances. Essa avaliação se revelou bastante correta, pois nos dois primeiros jogos da Eredivisie, Maurice Steijn me colocou como titular no lugar de Owen Wijndal. Nós dois trabalhamos duro na preparação. Eu tenho um bom relacionamento com Owen Wijndal, ele é um rapaz muito simpático, mas no final das contas é um escolha do treinador. O fato de ele ter me escolhido foi surreal” comentou Anass Salah-Eddine.
Depois de 21 anos como torcedor do Ajax e cinco anos como jogador das categorias de base da equipe, Anass Salah-Eddine finalmente teve a oportunidade com que tanto sonhava. Porém, as duas primeiras partidas, contra o Heracles Almelo e SBV Excelsior, não correram como ele esperava.
“Não era assim que eu queria mostrar meu trabalho, mas continuei trabalhando. É claro que fiquei decepcionado com o meu papel naquele gol contra o Heracles Almelo, foi muito azar” disse Anass Salah-Eddine.
“Mas faz parte. Eu dei tudo de mim, talvez houvesse um pouco de pressão envolvida. Era um ambiente novo e foi a primeira vez no time titutlar. A equipe ainda não estava totalmente pronta. É claro que pode ajudar se vc tiver alguém como Daley Blind ao seu lado, que pode treiná-lo bem. Embora deva dizer que também é muito bom jogar ao lado de Jorrel Hato. É muito bom ter um jogador com as qualidades dele no time” falou Anass Salah-Eddine.
Sua segunda partida, contra o SBV Excelsior, foi limitada à metade para Anass Salah-Eddine. Maurice Steijn o substituiu no intervalo e criticou Anass Salah-Eddine e Owen Wijndal na coletiva de imprensa.
“Precisamos melhorar o nível. Todos consideraram isso muito negativo, mas na verdade eu considerei isso de forma bastante positiva. Eu também pensei que precisávamos dar um passo para frente. O fato do treinador dizer isso é muito bom, porque ele sabe o que posso fazer e o que posso entregar ao time. Só cabe a mim mostrar isso. Eu sabia e sei que há pontos que preciso melhorar. Eu também estou focado nisso. Para mim agora é só sobre desenvolvimento do meu trabalho. O treinador é honesto e aberto, o que me agrada. É assim que nos tratamos internamente, é bom ter esse vínculo” comentou Anass Salah-Eddine.
Ele fala sobre as área de melhoria nas quais está trabalhando atualmente.
“Sendo melhor defensivamente. E ofensivamente é aí que reside principalmente a minha qualidade. Preciso ousar mais em campo, ter mais coragem. O treinador e os auxiliares passam muito tempo comigo e eu também reviso as imagens regularmente. Aprendo muito com isso, porque eles têm essa experiência e já são profissionais do futebol há muitos anos. Então eles enxergam coisas que eu ainda não consigo ver. É bom trabalhar com esses profissionais ao seu redor. Somos muito abertos sobre isso. Posso dizer-lhes como penso sobre as coisas. E eles sobre seus pontos. Então não é só um caminho” disse Anass Salah-Eddine.
Anass Salah-Eddine também conta com o apoio do elenco do Ajax.
“Eu tenho conversado muito com os treinadores e claro com a minha família, eles sempre me ajudam. Mas também com vários jogadores. Sou bom com a maioria dos caras, mas com Davy Klaassen e Steven Berghuis, por exemplo, tenho um relacionamento muito legal. Fui até eles algumas vezes para fazer algumas perguntas. Em seguida, contaram o que vivenciaram no início da carreira. Às vezes eles também vinham até mim para me dar ocnselhos. É muito bom que eles aceitem me ajudar” comenta Anass Salah-Eddine.
“Acho que todos os jogadores do Ajax acham uma pena que Davy Klaassen tenha saído. Ele era um verdadeiro líder, assim como Dušan Tadić, é claro. Mas cada um tem sua carreira e precisa fazer escolhas. Agora que eles se foram, outros caras têm que se motrar. É claro que há uma dinâmica um pouco diferente agora com muitos estrangeiros. Todos ainda precisam se orientar e ainda temos que nos sintonizar e formar uma equipe. Assim como aconteceu com a Holanda Sub21” disse Anass Salah-Eddine.
“A minha substituição no intervalo contra o SBV Excelsior não foi legal, claro, mas também não fiquei satisfeito com meu jogo. Agora é olhar para trás, ver o que posso melhorar e passar para o próximo jogo. Porque quando entrei como reserva contra o Ludogorets, mesmo que por pouco tempo, consegui mostrar novamente pontos que talvez tivesse mais dificuldade antes” comentou Anass Salah-Eddine.
O defensor do Ajax continuou ganhando minutos e percebeu que estava se desenvolvendo no Ajax. A chegada de Gastón Ávila, que também pode jogar como zagueiro, pouco fez para mudar as ambições de Anass Salah-Eddine. No entanto, quando o diretor de futebol, Sven Mislintat, também contratou Borna Sosa para a posição de lateral esquerdo, foi algo que mexeu com Anass Salah-Eddine. Dois novos laterais esquerdos, num total de mais de vinte milhões de euros.
Anass Salah-Eddine não quer reclamar muito disso.
“Essas são coisas que você não imagina. Eu poderia dizer que não me importo, mas estaria mentindo. Não é legal, mas faz parte. O Ajax é um grande clube com muitos jogos para disputar ao longo da temporada. Para mim é uma questão de não me deixar enlouquecer, treinar forte e continuar o que estava fazendo. Eu tenho que me concentrar em mim mesmo. Conheço minhas próprias qualidades. Falei com o treinador e decidi que quero arriscar no Ajax. Para mim é uma vantagem conhecer o clube por dentro e fora. Venho de Amsterdã e sempre torci para o Ajax. Sou um jovem, sei como funcionam as coisas neste clube e o que se espera de você. Só quero aproveitar ao máximo o tempo que estou aqui, para que no final eu possa olhar para trás e saber que fiz tudo que poderia” comenta Anass Salah-Eddine.
Quando o PEC Zwolle se apresentou em Amsterdã para pegar Anass Salah-Eddine por empréstimo até o final dessa temporada, o defensor expressou seus sentimentos.
“Sei que ainda posso me mostrar e conquistar muito no Ajax. Quando essa oferta chegou, descobri que realmente queria ficar. Muitas pessoas me aconselharam a deixar o Ajax. Mas isso realmente não passou pela minha cabeça. Eu também fui emprestado na temporada passada. Eu sinto por mim mesmo que esse é o momento de tentar no Ajax. A minha relação com os treinadores é muito boa, eu me encaixo bem no grupo, trieno bem e estou em forma, por isso só queria ficar. Percebo também que não sou inferior aos demais durante os treinamentos. Não apenas posso fazer tudo que eles conseguem fazer, mas posso realmente me destacar nisso. É assim que me sinto, pelo menos. E ainda sou jovem.Nem todo jogador chega aos dezesseis anos aqui no Ajax” disse Anass Salah-Eddine.
A saída não era uma opção, mesmo quando o interesse vinha de fora da Holanda.
“Na temporada passado houve interesse em mim por parte de outros clubes europeus e até de países como Catar e Arábia Saudita, mas o meu único objetivo sempre foi ter sucesso no Ajax” afirma o jovem defensor.
Será que uma função no meio de campo do Ajax também não seria um opção?
“Com toda certeza. Eu realmente falei sobre isso com Maurice Steijn. E me disseram que eu poderia atuar em outras posições. Ano passado joguei como lateral direito, lateral esquerdo, número 8, número 6 e até ponta esquerdo. A temporada é longa, disputamos cerca de cinquenta jogos, para mim é assim> não importa onde o treinador precise de mim, estarei lá” disse Anass Salah-Eddine.
Primeiro Anass Salah-Eddine quer se concentrar em um objetivo diferente. Quer começar bem com a Holanda Sub21 no ciclo das eliminatórias para a Eurocopa Sub1, que será disputada em 2025.
“Um torneio como esse sempre é bom de jogar. Joguei vários jogos com as seleções de base da Holanda, o que é maravilhoso de se vivenciar. Em 2019 fomos campeões europeus com a seleção holandesa sub17” falou Anass Salah-Eddine.
A associação marroquina também perguntou se Anass Salah-Eddine tinha interesse de defender Marrocos.
“Ainda não estou trabalhando com essa opção. Se essa escolha se apresentar no futuro, pensarei a respeito. Agora me concentro totalmente na Holanda Sub21. Nós temos uma boa equipe e estou ansioso para vestir a camisa da seleção novamente” finalizou Anass Salah-Eddine.