O placar do amistoso entre Preussen Münster e Heracles Almelo já tinha sido definido — 4 a 1 pros holandeses. Mas no gramado, parecia que o jogo tinha acabado de começar. Era gente subindo no alambrado, fila pra autógrafo, criançada gritando nome de jogador e, no meio de tudo isso, um camisa 8 sorridente distribuindo carinho, atenção e humildade: Jorrit Hendrix.
A cena, que pode parecer exagerada pra quem não conhece a força do futebol alemão nas divisões inferiores, é rotina na vida de Hendrix desde que chegou ao Preussen Münster. Aos 30 anos, o volante holandês vive o auge de sua popularidade num clube tradicional que renasceu — e ele foi parte fundamental dessa reconstrução.
✍️ Uma assinatura que mudou tudo
Depois de uma passagem pela Austrália, no Western Sydney Wanderers, Hendrix decidiu retornar pra Europa. O Preussen Münster, recém-promovido da 3ª divisão, fez a ligação certeira: ofereceu projeto, camisa, torcida e proximidade de casa. Ele topou. E a aposta virou amor mútuo.
“Este é um clube divertido, acolhedor, tradicional. A torcida é apaixonada de um jeito que lembra os grandes da Europa. Aqui, o futebol está mais vivo do que nunca”, disse Hendrix, que muitas vezes termina os jogos cercado de torcedores pedindo selfie e autógrafo — mesmo após derrotas.
⚽ Um clube gigante, mesmo fora dos holofotes
Fundado em 1906, o Preussen Münster foi um dos clubes fundadores da Bundesliga. Mas o tempo foi cruel. Décadas no ostracismo, flertando com divisões regionais, até que… veio a virada. Duas promoções consecutivas devolveram o clube à 2ª divisão e reacenderam a chama da torcida. Hendrix chegou nesse momento: pra ser âncora no meio-campo, liderança no vestiário e referência dentro e fora de campo.
“Permanecer na 2ª divisão foi um sucesso. E agora, o clube tá crescendo ainda mais. Estão construindo um novo estádio, investindo, sonhando alto”, conta o volante.
🏋️♂️ Uma liga dura, mas apaixonante
A 2ª Bundesliga não é passeio no parque. É pancada todo jogo. Clubes como Schalke, Hertha e Hannover fazem da competição uma pedreira. “Você joga em estádios pra 40, 50 mil pessoas. A atmosfera é absurda. E a exigência física é imensa. Aqui é na base da ‘Bereitschaft’, como eles dizem — disposição total. Isso combina comigo”, explica Hendrix, que já vestiu a braçadeira de capitão algumas vezes.
🏡 Sentindo-se em casa
Natural de Limburg, no sul da Holanda, Jorrit está a menos de duas horas de casa. Isso pesa. “Depois da Austrália, eu queria estar mais perto da minha família. Münster é perfeita. E por falar holandês com sotaque limburguês, o alemão veio fácil. Me comunico bem, entendo o povo e me sinto realmente em casa.”
O novo técnico, Alexander Ende, deve oficializar Hendrix como capitão. E não é pra menos: é ele quem dita o ritmo, acalma o time e organiza a bagunça quando tudo parece sair do controle.
💭 Eredivisie? Quem sabe…
Perguntado sobre um possível retorno à Holanda, Hendrix é sincero: “Sinceramente, não sei. Gosto demais de estar aqui. O futebol na Alemanha é muito vivo, muito intenso. Na Austrália faltava isso. Lá tem qualidade de vida, paisagens lindas… mas faltava alma. Aqui, ela transborda.”
🌟 O símbolo da reconstrução
No fim das contas, Hendrix virou símbolo. De reconstrução. De paixão. De entrega. Um jogador que já rodou PSV, Spartak Moscou, Fortuna Düsseldorf, e agora encontrou seu lar no coração de uma cidade que respira futebol. E mesmo depois de tomar 4 a 1, ele segue ali, com a mesma alegria, tirando fotos, assinando cachecol e distribuindo sorrisos.
Porque pra ele, o futebol nunca foi só resultado. É sobre pertencimento. É sobre sentir-se parte de algo maior. E em Münster, Jorrit Hendrix pertence.