Marten de Roon voltará a formar dupla com Frenkie de Jong no meio-campo da seleção holandesa. Explicação tática da posição surpreendente de Ronald Koeman.
Há muitas opções para Ronald Koeman formar o seu meio de campo na seleção holandesa. Tijjani Reijnders está em sua melhor forma no AC Milan. Joey Veerman cresceu bastante nas mãos de Peter Bosz no PSV. Teun Koopmeiners joga futebol tão bem na Atalanta que os clubes como SSC Napoli estão em busca de contratá-lo. Depois de um tempo difícil contra o Fortuna Sittard, Mats Wieffer está de volta a sua melhor forma no Feyenoord.
No entanto, Ronald Koeman escolheu Marten de Roon para atuar ao lado de Frenkie de Jong no meio de campo, mais precisamente na proteção da defesa holandesa.
A posição no meio de campo ao lado de Frenkie de Jong tem sido tema de discussão na seleção holandesa há anos. Este já foi um tema forte na primeira passagem de Ronald Koeman. Marten de Roon ganhou essa posição devido à sua disciplina tática e qualidades defensivas, mas há uma clara lacuna. O volante da Atalanta não é um grande craque. Os adversários da Holanda enxergam a falta de qualidade com a bola de Marten de Roon e pressionam bastante Frenkie de Jong para que Marten de Roon receba a bola, cometa erros e o adversário possa recuperar a posse da bola.
A situação acima ilustra a situação do jogo em duelos com adversários mais fracos na primeira passagem de Ronald Koeman na seleção holandesa. Frenkie de Jong está na cobertura e Marten de Roon tem a oportunidade de avançar com a bola. O volante da Atalanta luta para melhor nesse papel.
Em 2019, Marten de Roon foi substituído precocemente por Ronald Koeman em todas as sete partidas que disputou. Muitas vezes as coisas começam a melhorar depois. Contra a Inglaterra, uma desvantagem de 1 a 0 se transformou em uma vitória por 3 a 1 após a saída de Marten de Roon. Na Alemanha, uma desvantagem de 1 a 0 foi transformada em uma vitória por 4 a 2. Na partida contra a Irlanda do Norte, Marten de Roon deixou o gramado quando o jogo estava 0 a 0, e a Holanda terminou vencendo os irlandeses por 3 a 1. Nas situações em que a seleção holandesa precisa forçar alguma coisa, Marten de Roon é o primeiro a sair do time.
Mesmo assim, os treinadores gostam de começar com Marten de Roon no time titular. Ronald Koeman fez isso em seu primeiro período como treinador da seleção holandesa. Frenkie de Jong também utilizou desse mesmo expediente. Louis van Gaal convocou o volante da Atalanta e usou ele nas Eliminatórias para a Copa do Mundo no Catar.
Esses treinadores usam Marten de Roon porque ele é confiável. Louis van Gaal diz que o jogador da Atalanta consegue falar a linguagem do treinador e é uma extensão tática em campo.
Dwight Lodeweges, braço direito de Ronald Koeman, explicou isso da seguinte forma: “Se Frenkie de Jong começasse a andar em campo e fosse caindo para o lado, Marten de Roon iria permanecer centralizado. Isso é muito importante na hora que perdemos a bola. Ele poderia dar o primeiro combate ou esperar e ganhar tempo para que os outros pudessem voltar. Ele é fantástico nisso. Marten de Roon é muito inteligente na área, você realmente não precisa explicar nada para ele. E se isso for necessário, meia palavra lhe basta. Ele apenas faz o que pode fazer muito bem e dificilmente faz coisas que não pode fazer. Marten de Roon mantém o futebol muito simples”
Além de tudo isso, Marten de Roon joga para dar maior liberdade para Frenkie de Jong. Nas partidas da primeira passagem de Ronald Koeman, é perceptível que Marten de Roon costuma fazer corridas para dar ao craque do FC Barcelona espaço.
Vejamos o momento acima contra a França, em que Marten de Roon é coberto pelo atacante francês, Olivier Giroud. Em vez de se oferecer entrando na bola, o volante da Atalanta se afasta do centro e leva Olivier Giroud consigo.
Poucos segundo depois, Frenkie de Jong tem exatamente o espaço que precisa para receber a bola, dominar e avançar.
O primeiro gol daquela partida contra a França é outro exemplo do mesmo princípio. Frenkie de Jong marcou o gol com um passe da lateral esquerda, à semelhança do primeiro gol diante de Senegal. A posição de Marten de Roon, que protege o espaço, permite que Frenkie de Jong corra riscos.
Marten de Roon está ciente de suas limitações técnica e é útil demais para Frenkie de Jong.
“Quando tenho Frenkie de Jong ao meu lado, gosto de passar a bola para ele, porque sei que ele vai pensar em alguma coisa diferente. Ele tem algo que ninguém mais tem” disse Marten de Roon durante a Copa do Mundo.
Em seu clube, Frenkie de Jong brilha nesta temporada atuando ao lado de um jogador que faz uma função parecida com a de Marten de Roon na seleção holandesa.
“Eu me sinto muito confortável com ele. Nós nos entendemos muito bem” disse Frenkie de Jong se referindo a Oriol Romeu, seu companheiro de meio de campo no FC Barcelona.
Há alguns meses, Oriol Romeu explicou em conversa com o “El País” que tenta tornar tudo o mais simples possível.
“Decisões difíceis, vida fácil. É uma posição onde um erro significa praticamente um gol para o adversário. Você tem que aprender a se equilibrar. De que adianta correr risco e abrir um portão para o adversário?” disse Oriol Romeu.
Essas letras poderiam facialmente ter saído da boca de Marten de Roon. Renate Jansen acredita que está optando pela certeza com ele nesta partida crucial das Eliminatórias para a Eurocopa de 2024 na Alemanha.
“Ele pode organizar a pressão para o ataque, isso é muito importante” disse Louis van Gaal sobre Marten de Roon.
Nesse aspecto, Mats Wieffer teve dificuldades na disputa pelo terceiro lugar da UEFA Nations League. Esta semana voltou a se falar muito sobre Federico Dimarco que escapou pelas costas de Donyell Malen. Mats Wieffer desempenhou um papel marcante no segundo gol da Itália.
O meio-campista do Feyenoord pressiona Donyell Malen para dar um passo à frente para pressionar Marco Verratti. O atacante do Borussia Dortmund decide imediatamente seguir as instruções de Mats Wieffer, mas ao verificar o seu ombro, descobre, para seu horror, que Denzel Dumfries não está em condições de assumir o lugar de Dimarco.
Ronald Koeman vai querer evitar a repetição desse cenário contra a Grécia. Ao estudar as imagens, o treinador holandês também ficou impressionado com Anastasios Bakasetas, meio-campista da Grécia. Com sete gols e três assistências, Anastasios Bakasetas esteve envolvido em mais da metade dos gols da Grécia desde o começo de 2022. Marten de Roon terá papel importante na marcação ao craque grego.
Outro fator que faz com que os treinadores escolham Marten de Roon com frequência é seu poder de cabeceio defensivo. Par um meio-campista, o volante de 1.85 metros vence muitos duelos aéreos. Isto pode ser útil contra os centroavantes gregos, que são servidos na medida pelo bom Konstantinos Tsimikas.
A escolha por Marten de Roon pode trazer um pensamento de que a Holanda está mais preocupada em defender. Assim como no primeiro trabalho de Ronald Koeman, o treinador parece querer desistir apenas se a situação assim o exigir. Depois dos muitos gols sofridos nos primeiros quatro jogos, Ronald Koeman opta primeiro em organizar sua defesa.
A mesma lógica parece aplicar-se ao resto da escalação holandesa.
Nas primeiras partidas sob o comando de Ronald Koeman, a Holanda teve grandes problemas na defesa. O treinador parece querer resolver isso trazendo um zagueiro extra para a defesa.
A questão é se esta é a escolha mais lógica contra uma Grécia muito defensiva.