SELEÇÃO HOLANDESA

Sepp van den Berg abre o jogo sobre sua saída do Liverpool e revela que sonha em defender a seleção holandesa

Sepp van den Berg

Sepp van den Berg está quase completando sua primeira temporada como titular do Brentford na Premier League. O zagueiro de apenas 23 anos fala sobre os poucos anos que levou do Zwolle ao Liverpool, Preston, Gelsenkirchen, Mainz e Londres.

Você imaginaria com apenas 23 anos, ter a oportunidade de jogar em quase todas as principais ligas da Europa?

“No último final de semana, meu paio veio jantar comigo e conversamos sobre isso. Tudo o que aconteceu em todas essas temporadas e que já faz seis anos que estou fora da Holanda. Eu já joguei em quatro competições diferentes. Eu me mudei cinco vezes de casa durante os últimos cinco anos. Olhando para trás, tudo era realmente uma loucura. No começo, tudo é novidade e ficava muito animado”

Foi também por esse motivo que você quis assinar um contrato longo no começo desta temporada com um clube no qual você poderia ganhar mais confiança?

“Sim, essa teria sido minha preferência. Eu disse desde o começo que queria deixar o Liverpool e ir para um clube onde jogaria por pelo menos duas temporadas. Eu estava farto de me deslocar, de me mudar, de ter que começar tudo de novo e de novo. Novos companheiros de equipe, procurando outra casa ou apartamento. Isso consome demais a minha energia. Eu voltei de Mainz para Liverpool e fiz todos os preparativos, mas fiquei pulando de Airbnb em Airbnb porque não tinha um lugar permanente para ficar. Dois meses em um hotel podem deixar você muito infeliz, mas ficar em Airbnbs diferentes também não é nada bom. E então todos os móveis tiveram que ser levados para Londres. Uma verdadeira chatice. E a cada começo de temporada, eu tinha que me adaptar novamente ao novo clube e lutar por uma vaga no time titular. No final das contas, o futebol é sobre se sentir confortável, confiante e à vontade”

Até que ponto você está ansioso por uma nova temporada em que, inicialmente, você não precisará se mudar?

“Espero que ao final desta temporada eu possa voltar para casa e no começo da próxima temporada, retornar ao Brentford. Mesmas pessoas, mesmo treinador. Às vezes também é legal. Acho que não sei mais como é jogar por duas temporadas consecutivas com os mesmos companheiros de equipe”

E se o FC Barcelona quiser você?

Minha namorada também disse que ficou feliz por eu não ter precisado me mudar pela primeira vez desde que sair da Holanda. Mas eu também disse: Suponha que o Real Madrid, o FC Barcelona ou o Manchester City queiram me contratar. A princípio, eu ficarei, mas é claro que há exceções”

Você queria fazer uma boa escolha no começo desta temporada e parece que conseguiu. Você joga quase que todos os jogos no Brentford. Quão satisfeito você está com isso?

“Fora do futebol, eu não poderia estar mais feliz. Acho que Londres é uma ótima cidade e moro em um lugar fantástico. Eu tenho uma equipe fantástica e um treinador maravilho e que desempenhou um papel fundamental na minha decisão de vim para o Brentford. Sou sempre muito crítico em relação ao futebol, mas também estou muito satisfeito com isso. Se eu estiver em forma, jogo, mas tive algumas pequenas lesões nesta temporada. Se eu continuar jogando agora, terei disputado trinta partidas de Premier League. Não é ruim para minha primeira temporada, mas sei que posso entregar mais”

Uma pergunta um pouco clichê, mas ainda interessante em sua primeira temporada neste nível: qual atacante realmente te impressionou?

“Quando ouço a palavra atacante, tenho que dizer Erling Haaland. Enfrentei ele duas vezes. Em Manchester perdemos, na nossa casa empatamos. Ele tem quase dois metros de altura, mas também é muito rápido. Que máquina. Eu também fui para a Premier League para competir contra esses jogadores. Mas acredite, quase todos os times aqui têm um atacante que marca gols quando você não está 100% bem. E em Brentford, ficar na linha do meio e vencer por 7 a 0, infelizmente não é uma opção”

Seu irmão Rav van den Berg também joga na Inglaterra, pelo Middlesbrough na segunda divisão. Ele também deixou o PEC Zwolle muito jovem para tentar a sorte no exterior. Como vocês mantêm contato?

“Nós não nos vemos, porque temos vidas com treinamentos e jogos diários. Mas, geralmente, fazemos ligações todos os dias e jogamos todas as noites. Ele é meu irmão e melhor amigo ao mesmo tempo. Estou um pouco à frente dele, então estou feliz em poder ajudá-lo. Eu o incentivei a ir para a segunda divisão e ele está indo bem. Acho que ele vai dar um bom passo neste verão”

Você foi para o Liverpool, mas nunca conseguiu se firmar lá. Que conselho você deu a ele quando ele conseguiu viajar para a Inglaterra?

“Para ser honesto, eu o aconselhei na época e não ir para um clube muito grande. Ele também poderia ter ido para o Bayern de Munique e alguns outros clubes muito bons. Foi um pouco contraditório da minha parte, porque fui para o Liverpool quando tinha apenas 17 anos, mas eu disse que não daria esse passo se fosse ele. Percebi o quanto é difícil. Passei por momentos muito complicados em minha primeira temporada. Eu tinha acabado de sair da segunda divisão quando ele foi para o Middlesbrough, então sua transferência pareceu perfeita para mim. Um grande clube em uma competição difícil, onde você joga todas as partidas e é desafiado”

Na Holanda, muitos discutem se é sensato deixar o país muito cedo e viajar para o exterior. De qualquer forma, você foi um exemplo de que isso pode dar certo.

“Eu acredito que minha escolha foi muito importante para mim, também em nível pessoal. Na Holanda você fica na sua zona de conforto e perto de casa. A Eredivisie é uma competição muito boa para o desenvolvimento de jovens jogadores. A mudança para fora da Holanda pode dar errado, porque também é complicado. Mas você também vê o que isso traz se funcionar. Quando o Liverpool entrou em contato comigo, a primeira coisa que eu disse foi: devo estar louco. Longe dos meus pais, da minha namorada. Não vou fazer isso, pensei, mas estou feliz por ter feito mesmo assim”

Por quê?

“Seis meses depois, eu tinha meu diploma HAVO no bolso e de repente senti vontade. Você também muda rapidamente durante esse período. Você envelhece e pensa mais sobre isso. Então dei esse passo. Se você tivesse me dito há seis anos que eu teria a carreira que tenho agora, que eu seria feliz e um jogador da Premier League com muitos jogos disputados na Bundesliga no currículo, eu teria dito que você estava louco. E como eu disse, em um nível pessoal também me melhorou em diversos aspectos. Eu costumava ser um garoto introvertido e quieto. Na escola e nos treinamentos. Eu venho de uma família grande e muito simpática, com uma irmã, meu irmão e meus pais. E então me vi morando sozinho no exterior, sem nunca ter lavada uma roupa, cozinhado ou limpado uma casa. Isso me ajudou a crescer rápido. Eu conheci novas pessoas, e se abre para aprender novos idiomas”

O que você aconselharia a um jovem jogador de quinze anos, digamos, do PEC Zwolle, que lê essa história e também foi abordado por um grande clube de fora do país?

“Discuta essa mudança detalhadamente com as pessoas próximas. Se você quiser, nunca será uma escolha errada, mesmo que não saia como você planejou. E continue expressando seus sentimentos. Foi isso que eu encontrei. Está tudo bem se as coisas não estiverem indo bem. Eu tenho meus pais com quem posso conversar, mas você também precisa fazer isso nos momentos complicados, não apenas nas horas boas. Eu estava no Liverpool e as pessoas em Zwolle e ao redor achavam que eu estava vivendo um sonho. Ele treina com Mohamed Salah e Virgil van Dijk. Mas naquela época, eu estava um pouco menos envolvido, menos feliz, mas ninguém sabia disso. Porque todas elas acham que você está vivendo a vida que todo mundo sonha. Olha, no futebol às vezes é tabu falar sobre emoções, mas esse é meu maior conselho”

 E em que momento você começou a fazer isso?

“Quando meus pais perceberam que as coisas não estavam indo bem, eles passaram a me apoiar ainda mais. Se eles viessem com mais frequência, ainda mais ligações aconteceriam. As coisas melhoraram rapidamente depois disso. Nessa idade é difícil falar sobre isso com pessoas que estão longe”

É por isso que você conversa com Rav van den Berg com mais frequência?

“Sim, mas isso pode acontecer inconscientemente. Não estou brincando: acho que fazemos ligações todos os dias. Isso também é bom para meus pais, especialmente agora que estou um pouco mais velho. Acho que ele está bem e não está passando por tantas dificuldades quanto eu. Ainda bem”

Nas conversas que você tem com seu irmão, existe algum momento em que vocês se imaginam jogando na Premier League juntos?

“Naturalmente. Somos dois jogadores na casa dos vinte anos. Nós falamos sobre tudo, inclusive isso. Que ele poderia vir disputar a Premier League, que jogávamos um contra o outro e tínhamos que nos defender nos escanteios. A propósito, não será bom para ele. Acho também que minha mãe estaria assistindo muito nervosa. Ou falamos sobre o sonho de jogar juntos na seleção holandesa, ou até mesmo jogar no mesmo clube”

Falando da seleção holandesa, houve uma época em que um zagueiro de 23 anos fosse titular na Premier League seria automaticamente convocado…

“Não preciso explicar que há muitos jogadores na minha posição que também estão jogando em altíssimo nível. É um sonho de infância chegar na seleção holandesa e sei que tenho que continuar fazendo o que faço. Enquanto eu continuar melhorando e competindo a cada semana na melhor competição do mundo, esse convite virá naturalmente. A Copa do Mundo no próximo ano é um objetivo que estou almejando, mas se isso não der certo, estarei lá apenas na Eurocopa. Às vezes, precisamos de sorte também, por exemplo, quando alguém se machuca. Vejamos o que aconteceu com Jan Paul van Hecke. Ele foi convocado devido a lesão de vários jogadores e foi colocado ao lado de Virgil van Dijk na seleção holandesa. Ele jogou demais e agora não é loucura imaginar que na próxima convocação ele seja chamado e seja até titular”

Você considerou se mudar para o PSV no começo desta temporada?

“Tenho que ser honesto, uma mudança para a Inglaterra ou Alemanha teria sido preferível para mim. Conversei com Peter Bosz pessoalmente e acho que ele é um ótimo treinador. Eu poderia me ver jogando futebol pelo PSV, competindo na Eredivisie e jogando a UEFA Champions League. Eu sou uma pessoa sociável e um treinador pode realmente persuadir você a ir jogar em algum lugar. Depois da conversa com Peter Bosz, realmente era uma opção ir para o PSV. Mas há outras coisas envolvidas também. O salário que recebo aqui na Inglaterra é muito maior do que receberia na Holanda e isso pesa”

No final, você foi para o Brentford por uma quantia que o PSV não conseguiria pagar. Bom, Premier League, claro, mas lá você não se torna campeão e não joga na Liga dos Campeões.

“Vi o Liverpool se tornar campeão no último final de semana. Não me entenda mal, estou feliz por ter ido embora, mas no fim das contas, o que fica na história do futebol são os títulos. É o sonho de todo jogador se tornar campeão ao menos uma vez”

Você tem algum clube que costumava acompanhar de perto quando era menor?

“Do jeito que eu costumava ver, para os garotos holandeses era sempre entre Real Madrid e FC Barcelona. Sou fã do FC Barcelona desde que era jovem, então esse é o meu clube dos sonhos”

Se eles ligarem no final desta temporada, o contrato de aluguel da sua casa terá que ser cancelado novamente?

“Minha namorada vai morar em Amsterdã por um período, mas ela literalmente me disse no começo da última temporada que iria comigo se eu fosse para Barcelona. Londres também é linda, pensei, mas ela só quer se mudar para Barcelona. Então sim, essa seria uma mudança que faria”

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