O FC Volendam já garantiu seu retorno para a Eredivisie como campeão da Keuken Kampioen Divisie, mas perderá um dos seus principais jogadores para a próxima temporada, estamos falando de Bilal Ould-Chikh. O atacante de 27 anos que deixar a Holanda e buscar novas oportunidades no exterior.
Tudo está acontecendo como exatamente como você imaginou na pré-temporada?
“A janela de transferências ainda estava aberta naquele momento, então tivemos que esperar para ver se teríamos todos no elenco, mas eu realmente disse que tínhamos que nos tornarmos campeões com um elenco tão forte quanto tínhamos já naquele começo de temporada. Nem todos concordaram comigo, mas agora estou mostrando que meu pensamento estava correto”
As dúvidas sobre o que o FC Volendam poderia entregar nesta temporada não seria aceitáveis, mediante tudo que aconteceu na temporada passada?
“Eu não vejo dessa forma. O que está feito, passou, mas deixamos isso para trás no começo da nova temporada. Muitos novos jogadores se juntaram e durante a pré-temporada já era possível ver que o grupo era forte o suficiente para retornar imediatamente para a Eredivisie. Nós começamos mal a competição, com três derrotas, mas havia motivos para isso. Três cartões vermelhos, um time que ainda não estava completo, o treinador que ainda estava buscando a melhor formação e vários jovens jogadores que ainda não estava em plena forma física. Mas não entramos em pânico e mudamos completamente a situação. E o que importa é como as coisas terminam e terminamos com o título da Keuken Kampioen Divisie e o retorno com apenas uma temporada para a Eredivisie”
Você entregou até o momento dezessete passes para gol. Isso é um número incrível.
“Posso ser bem tranquilo em relação a isso agora, mas 17 passes para gols não é normal, eu sei disso. O reconhecimento que recebo por isso dentro da equipe também é enorme. Acredito que sou o primeiro jogador a atingir esse número em uma temporada com o FC Volendam e espero chegar a vinte assistências nos próximos jogos. Eu farei história nesta competição, porque o recorde é dezenove, pelo menos nas estatísticas oficiais. Ultrapassar essa marca é uma meta para mim neste momento”
Durante muito tempo, apenas Mohamed Salah conseguiu acompanhar você nos números.
“Ele está se saindo bem em uma competição muito mais forte que a nossa. Mas sabemos da dificuldade que encontramos na Keuken Kampioen Divisie. Se fosse fácil, todos os pontas chegariam a esse número, mas não é o caso. Eu consegui fazer isso muito bem. E quando olho para as minhas assistências, quase todas foram cruzamentos em que coloquei a bola perfeitamente na cabeça do nosso finalizador ou onde ele poderia ter sido finalizado. Também houve muitas assistências em momentos que nos permitiu vencer a partida. Foi assim que obtive o meu valor. Eu breve serei lembrado como jogador que contribuiu para o título do FC Volendam com 17, 18 ou até 19 passes para gols”
Você acredita que hoje você é um jogador melhor do que na temporada passada?
“Não, na verdade não. Na temporada passada, na Eredivisie, com dez jogos a menos do que agora, dei sete assistências e fui um dos jogadores que mais criou chances na competição, enquanto joguei em um time que às vezes tinha apenas vinte por cento de posse de bola. Eu gostaria de ter visto isso se tivesse em um time melhor. Então não estou melhor agora do que estava na temporada passada. Para ser honesto, na Keuken Kampioen Divisie eu confio um pouco no meu talento e não preciso me esforçar tanto para entregar algo melhor. Eu realmente tive que trabalhar duro para fazer bons jogos. Essa é a grande diferença”
Foi difícil para você se preparar para a Keuken Kampioen Divisie?
“De forma alguma. Se eu não quisesse jogar nesta competição, eu teria saído. Isso teria sido possível porque no começo desta temporada recebi boas propostas de clubes da Eredivisie, mas recusei todas. Pelo salário que me ofereceram ou pelo plano que tinham para mim. Isso não foi bom o suficiente, então fiquei feliz em continuar no FC Volendam. E também porque eu estava convencido de que poderíamos ser campeões da Keuken Kampioen Divisie com esse elenco. O plano que fiz finalmente se concretizou. Eu queria ser importante na conquista de um título, queria jogar tudo, queria ficar em forma e queria me divertir a temporada inteira. Deu tudo certo, então acho que foi uma das melhores escolhas da minha carreira ficar no FC Volendam por mais uma temporada. É assim que me sinto. Eu ganhei um título, o que não é algo que muitos jogadores de futebol conseguem. E também existe muito mais interesse em mim agora do que na temporada passada”
Essa foi a melhor temporada da sua carreira?
“Certamente é assim que me sinto, também por causa de onde eu venho. Consegui aproveitar mais, porque você sempre tem na cabeça que poderia ter sido muito diferente. Havia uma chance de que eu nunca mais pudesse jogar novamente. Para mim, tudo o que ainda tenho a oportunidade de vivenciar dentro do futebol parece um grande presente”

Quando você percebeu que havia algo errado no seu corpo?
“Em março do ano passado, torci as costas durante um treinamento. Sofri muito com isso nos dias seguintes e insisti em fazer uma ressonância margnética. Mastou que havia um tumor na minha medula espinhal. Nesse momento, todo tipo de coisa passa pela sua mente. Incerteza, medo, eu não sei explicar bem, você tem que vivenciar isso para saber do que estou falando. De qualquer forma, você não desejaria esse sentimento a ninguém. É por isso que o que vou dizer agora parece loucura, mas olhando para trás, estou feliz por ter esse tumor”
Por qual motivo você diz isso?
“Porque isso me tornou uma pessoa ainda mais forte. Sabemos que isso pode acontecer com qualquer um, que ninguém é intocável, e às vezes você se sente assim mesmo quando nada está errado. Gosto muito mais das coisas que faço agora, porque sei que não é tão óbvio. Eu também acredito que tudo está escrito nas estrelas e que isso foi predestinado para mim. No dia 8 de maio do ano passado, passei por uma cirurgia. No dia seguinte, eu estava deitado em uma cama de hospital e mal conseguia me mexer. Agora serei campeão e no dia 9 de maio provavelmente jogarei minha centésima partida pelo FC Volendam. Um marco do qual me orgulho, como primeiro marroquino a conseguir isso neste clube. Parece que tudo estava destinado para acontecer exatamente do jeito que aconteceu”
Esse problema de saúde mudou você como pessoa?
“Lógico. É tudo uma questão de apreciar as pequenas coisas da vida. Nós esquecemos disso muito rápido, achamos que tudo é completamente normal e que evidente que você é saudável, mas isso simplesmente não é o caso. Eu estava em um departamento chamado neurocirurgia, onde pude ver muitas coisas. Cérebros se abrindo, pessoas em coma, esse tipo de coisa. Isso realmente faz você pensar. Então você também percebe que muitas coisas que você considera muito importante na sua vida cotidiana, na verdade são pequenas. Tudo depende da sua saúde, mas você só percebe isso quando passa por algo muito transformador. No meu caso, um tumor na parte inferior das costas, em um lugar onde isso nunca acontece. E tive sorte até com a localização do tumor na parte inferior das minhas costas”
O que você quer dizer com isso?
“Os médicos me explicaram que se o tumor tivesse sido um pouco maior, eu nunca mais teria conseguido jogar futebol de alto nível. Então foi um grande presente. Exames também foram feitos para verificar se havia metástases, mas felizmente não foi o caso. Foi somente aquele tumor, que tinha cinco centímetros de tamanho e começou a pressionar meus nervos e ossos, que eles conseguiram remover por meio de cirurgia. Tudo correu bem, o procedimento foi um sucesso. E agora, um ano depois, posso dizer que estou mais em forma do que nunca. Ao longo da minha carreira sempre tive problemas nas costas, mas isso desapareceu completamente. Pode ser que meus problemas tenham sido causados por esse tumor. É possível que estivesse ali há dez ou quinze anos e crescesse um pouco mais a cada ano que se passava. Os médicos não podem afirmar isso com certeza, mas é lógico que você associaria os dois. Agora me recupero muito mais rápido do que antes e em breve jogarei quarenta partidas em uma única temporada. Nunca cheguei nessa marca em toda a minha carreira”
Você pensou imediatamente em jogar futebol novamente depois da operação?
“Não, nos primeiros dias você fica especialmente curioso sobre como tudo vai acontecer. Eu acordava e a primeira coisa que eu fazia era verificar meus movimentos. Posso fazer isso, posso fazer aquilo? No primeiro dia após a cirurgia não consegui fazer absolutamente nada, então comecei a me perguntar se iria me recuperar totalmente. Como é que vou correr por esse campo novamente? Mas logo depois disso, eu consegui andar um pouco e aos poucos fui ficando mais forte. Minha recuperação foi muito boa e mais rápida do que o esperado. Durante a pré-temporada, voltei para o elenco e no final de julho, disputei um amistoso contra o RKAV Volendam. Claro que isso pareceu muito estranho, porque o caminho que andei para chegar naquele amistoso estava ainda em minha mente. Dois meses antes eu não conseguia nem andar e agora estava jogando outra partida. Mas correu bem, até recebi um passe para gol. Fiquei muito satisfeito com isso. Eu não sabia se tudo seria igual depois de uma cirurgia daquelas, mas eu vi que ainda conseguia correr, ainda conseguia vencer um jogador na velocidade, ainda conseguia dar um passe para gol. Eu estava de volta novamente. A única coisa que me restou daquele tumor foi uma bela cicatriz nas costas”
Você ainda pensa muito sobre tudo isso?
“Não, se você estiver falando sobre preocupação. Não preciso fazer outra ressonância pelos próximos dois anos, só para verificar, mas vivo sem medo e estou livre mentalmente em relação a isso. Todos podem perceber isso dentro de campo. Aconteceu regularmente de eu ter momento de compreensão e pensar nisso nessa forma. Como recentemente, em casa contra o SC Cambuur, quando vencemos por 4 a 1 e fui tirado de campo aos oitenta minutos. Eu estava sentado no banco, olhando tudo que estava acontecendo e ficando muito emocionado. Porque eu sei de onde venho. Muitas pessoas esquecem disso, mas eu nunca esquecerei. No campo também penso com frequência que em um ano eu estava sem conseguir andar e agora estou aqui jogando futebol. As pessoas podem achar isso bem normal, mas minhas costas foram abertas, minhas vértebras foram afrouxadas e agora já joguei quase quarenta partidas, dei dezessete passes para gols e estou me tornando campeão com o FC Volendam na Keuken Kampioen Divisie. Essa é uma grande conquista”
Uma conquista que não passou despercebida por outros clubes.
“Sim, existe muito interesse em mim. Principalmente desde o início de abril, muitos clubes estão procurando meu empresário para entender minha situação. Eu não renovei meu contrato com o FC Volendam e ao final desta temporada, estarei livre. Já houve algumas conversas com clubes interessados, principalmente do exterior. É isso que eu mais procuro. Acho que este é um bom momento para começar uma nova aventura fora da Holanda”
Ano passado você ainda estava comprometido com um próximo passo na Holanda. O que mudou?
“Eu realmente queria me provar aqui na Holanda, mas acho que já fiz isso agora. Um número recorde de pontos com o FC Volendam, um possível recorde de assistências na Keuken Kampioen Divisie. O que ainda tenho que provar? Sim, foi na Keuken Kampioen Divisie, mas acho que está claro que posso lidar facilmente com a Eredivisie. Não descarto uma transferência dentro da Holanda, também há clubes da Eredivisie interessados, mas se realmente me querem, terão que abrir a carteira, caso contrário, não vai acontecer. Pelo menos os clubes de fora da Holanda estão dispostos a pagar mais por mim”
É sobre dinheiro?
“Mais sobre valorização. Quando olho para os clubes de fora da Holanda que estão interessados em mim, eles realmente querem fazer de tudo o que podem para me contratar. Na Holanda isso é bem menos comum, notei isso novamente no ano passado. Depois me disseram que me viam como um jogador importante, mas não se refletiu em boas propostas. Na Holanda, nós somos muito menos valorizados do que fora. Um exemplo claro disso é Henk Veerman. É o maior artilheiro da competição, mas se faz uma partida ruim, recebe todo tipo de crítica. Não é uma loucura?”
Já tem alguma ideia de qual será seu rumo ao final da temporada?
“Estou em negociações com alguns clubes da Espanha. Também tem clubes da Arábia Saudita, Catar e Emirados Árabes que entraram em contato com meu empresário. Eu também gostaria de jogar por lá. Nós vamos ver o que acontece. Primeiro, quero terminar bem a temporada com o FC Volendam”
Onde você estará há três anos e meio. Quem imaginaria?
“Isso não estava nos planos, mas estou feliz com o resultado. Eu me diverti muito aqui e só vou lembrar das coisas boas. Fui promovido duas vezes da Keuken Kampioen Divisie para a Eredivisie, deis muitas assistências, joguei grandes partidas, ganhei título e espero em breve ter mais cem partidas no currículo. Então acho que entrei na história do FC Volendam. Posso sair daqui pela porta da frente”