Gomes é um dos vários brasileiros que já passaram pelo PSV e fizeram história. Atualmente, Gomes é embaixador do clube de Eindhoven. Há dois anos o PSV quis estreitar os laços com o ex-goleiro. Vale salientar que Gomes trabalha como empresário de jogadores. Mas se dependesse de Gomes, a relação com o PSV seria ainda mais próxima.
“Eu quero ajudar ainda mais o PSV. Se Marcel Brands precisar de mim com mais frequência, estarei disponível. Ele sabe que quero fazer mais pelo PSV. Minha conexão com o clube é enorme e não quero perdê-la. Cada vez que estou aqui é especial” disse Gomes.
Desde que Gomes encerrou a carreira, há quatro anos, ele tem alternado entre Brasil e Inglaterra. A pandemia inicialmente o levou de volta para o Brasil.
“O que mais gostei durante minha carreira foi ajudar os outros. Quando saí do Watford, o clube quis me contratar como diretor. Isso não é algo que eu queria trabalhar. Eu queria ajudar os jovens jogadores. Eu comecei a fazer isso no Brasil. Nos procuramos não olhar apenas para as qualidades em campo, mas também para a parte mental. É por isso que quero estar sempre perto dos jogadores. Se eu conhecer a história deles, provavelmente poderei ajudá-los melhor” disse Gomes.
O ex-goleiro acrescenta que sua base de jogadores abriga alguns talentos interessantes.
“Isso porque comecei a caminhar nessa estrada em 2017, durante minha carreira de jogador. Não eu, mas pessoas trabalharam para mim. Agora estamos colhendo os benefícios disso. Quando chegar o momento certo, farei o meu melhor para garantir que o PSV se torne o primeiro clube na Europa dos meninos que estão conosco lá” comentou Gomes.
Por enquanto, isso nada mais é do que uma opção para o futuro, porque em Eindhoven as prioridades são concretizar mais uma festa do título da Eredivisie. Depois de seis temporadas, a paciência dos torcedores do PSV foi recompensada. Embora Gomes não possa assistir a todos os jogos, ele ainda acompanha de perto o desempenho do clube.
“A qualidade mais importante desta equipe é a sua capacidade de atacar. Eles não têm medo de jogar para frente. Isso também foi assim durante minha passagem pelo Tottenham, a forma de jogar é parecida. Ataque, mas com foco na defesa. Quando eles vão, sempre fazem isso na hora certa” disse Gomes.
Um fato importante na equipe de Peter Bosz é Walter Benítez. O goleiro de 31 anos manteve o PSV sem sofrer gols em 17 partidas nesta temporada e recentemente estreou pela seleção da Argentina.
“Um goleiro muito bom. Esses jogos em que ele não foi vazado, são muito importantes para sua confiança. É evidente que passar um jogo sem sofrer gols não é responsabilidade apenas do goleiro, todos os jogadores estão envolvidos na proteção da meta. Somente quando você vence, você se dedstaca. Você pode ser o melhor em campo, mas se não vencer, as pessoas não prestam atenção. Ele faz um trabalho muito bom. Encontrar goleiros da qualidade de Walter Benítez é muito difícil” disse Gomes.
Gomes quer dizer que não é fácil encontrar um bom goleiro titular.
“Não se trata apenas de qualidade, mas também de mentalidade. Um goleiro tem que se enquadrar em um clube e isso não é possível para todos. Quando cheguei no PSV, tive que substituir Ronald Waterreus. Durante anos ele foi o goleiro titular e de repente tive que ocupar o lugar dele. Isso é muito difícil, mexe com sua cabeça. E aconteceu a mesma coisa para o goleiro que me substituiu no PSV quando deixei o clube. Fiquei muito tempo aqui, ganhei quatro títulos consecutivos, tive um bom relacionamento com a torcida. Isso sempre será um desafio para um goleiro” disse Gomes.
Devido ao próximo campeonato, o PSV terá um começo de temporada diferente do que tem sido habitual nos últimos anos. Os Eindhovenaren têm garantida a vaga na fase de grupos da nova UEFA Champions League. Além de um novo formato do torneio, a premiação também está ainda melhor do que antes. Isto significa que o PSV voltará a receber dezena de milhões de euros. Esse dinheiro pode ser usado para deixar o elenco ainda mais forte e continuar brigando pelo título da Eredivisie.
“O PSV tem uma mistura de experiência e jovens talentos. O segredo é continuar neste caminho. É muito importante melhorar o elenco para a fase de grupos e depois disso ver o que a sorte reserva. Mas hoje em dia é muito difícil jogar a Liga dos Campeões. Ainda mais difícil do que na minha época. Há muito dinheiro envolvido, os investimentos são enormes. Não creio que o PSV possa conviver com essa violência financeira. Eles devem continuar focados na Eredivisie e sempre tentar chegar à fase de grupos da Liga dos Campeões” disse Gomes.
Gomes conhece os interesses do PSV como ninguém. Fez parte da memorável equipe que chegou às semifinais da UEFA Champions League. Por um momento, uma reviravolta louca contra o AC Milan parecia estar tomando forma. Mas sim, aquele gol nos minutos finais de Massimo Ambrosini acabou com o sonho dos Eindhovenaren. Na Eredivisie, o PSV já conquistou os títulos. Entre 2004 e 2008, o PSV conquistou quatro Eredivisie. Qual o título mais inesquecível?
“A vitória contra o Vitesse na temporada 2006/07 por 5 a 1. Esse cenário era uma loucura. Não só precisávamos de muitos gols, como os outros resultados também tinham de acontecer. Após o final do nosso jogo, imediatamente queríamos saber o que havia acontecido nas outras partidas. Então veio a notícia. Sinceramente, eu não sabia o que fazer. Eu comecei a pular e correr. Esse é o meu título da Eredivisie com o PSV mais lindo. A eliminação do Olympique Lyonnais na UEFA Champions League, as quartas de finais contra o Tottenham na Copa UEFA” disse Gomes.
Gomes ainda mantém contato com alguns jogadores do PSV daquela época. Phillip Cocu e Mark van Bommel são alguns dos amigos que Gomes levou para a vida. Nem todo mundo parece ser fácil de conversar.
“Alex muda de número todos os dias. O PSV pediu o contato dele, quando eu mandei, descobri que já tinha mudado novamente. Acho que ele quer se esconder. Conversei com Mart van den Heuvel sobre isso quando ele me pegou no aeroporto. Foi um momento tão especial. Como jogadores, éramos muito próximos. Normalmente você chega a um clube e tem os sul-americanos, as outras nacionalidades na outra mesa e os holandeses em uma mesa particular. Esse não foi o caso aqui. Claro que fui bom com Alex, mas procuramos sempre ficarmos juntos de todos os jogadores” disse Gomes.
De volta ao presente. Depois de alguns anos de vacas magras, o PSV voltou a ter vento ao seu favor. O clube voltou a passar da fase de grupos da UEFA Champions League e caminha a passos largos em busca do 25ª título da Eredivisie.
“Não vou dizer que o PSV voltará a ser campeão na próxima temporada, mas eles estão no caminho certo. O Ajax sem dúvida vai ser fortalecer, mas ainda não chegará ao patamar do PSV. Eles precisam inovar muito. É preciso perceber que aqui é preciso se classificar para a Liga dos Campeões, caso contrário, será difícil contratar e manter bons jogadores. Claro que os jogadores têm que vir pelo clube e não para jogar na Liga dos Campeões, mas isso ajuda demais. Acredito que o PSV pode fazer o mesmo que na minha época” disse Gomes.
Antes que chegue à janela de transferências, os jogadores do PSV farão primeiro uma comemoração do título. Gomes já subiu no carrinho plano quatro vezes no passado.
“Eu me lembro quando fomos a praça. Estava lotada. Não lembro direito o que fiz. Nós estávamos comemorando uma temporada de muito sucesso, nós estávamos muito felizes. As pessoas aqui abraçaram a celebração. Dessa vez, normalmente acompanharei pela televisão, mas nas verdade eu gostaria de fazer parte dessa festa” finalizou Gomes.
