Ele jogou quase cem partidas no time principal do Ajax, mas nunca foi um jogador adorado por todos em Amsterdã. Com 23 anos, Perr Schuurs optou por deixar a Holanda e assinar com o Torino da Itália. Lá, ele conseguiu se destacar bem e é extremamente adorado tanto pela torcida do clube quanto pela comissão técnica.
Um dos principais objetivos de Perr Schuurs é aprender a língua italiana, o mais rápido possível. O defensor holandês confessa que mesmo sabendo holandês e alemão fluente, isso não lhe ajudou na comunicação com seus companheiros de equipe.
“As pessoas são muito prestativas. Não posso dizer nada sobre isso. Mas a língua realmente é uma barreira para mim. Nas primeiras semanas que cheguei aqui, muitas coisas precisavam ser organizadas. Foi necessário eu pagar para meu cabeleleiro de Amsterdã vim para cá. Agora, temos aulas de italiano duas a três vezes por semana”
No começo dessa temporada, o Torino pagou nove milhões de euros para tirar Perr Schuurs do Ajax. Essa quantia pode aumentar consideravelmente, caso o defensor atinja alguns objetivos com as cores do clube italiano.
“Eu posso dizer que estou muito feliz com a minha escolha. Já me sinto muito em casa aqui. Eu tive quatro temporadas fantásticas no Ajax. Mas tenho 23 anos e quero jogar todas as semanas. Antes do verão, passei por diferentes cenários com as pessoas que são importantes para mim. No final das contas eu sabia que caso Jurriën Timber continuasse no clube, o melhor caminho para mim, era ir embora. Eu sabia que precisava me desenvolver ainda mais, para conseguir jogar 90 minutos todo final de semana. Tive boas conversas com Alfred Schreuder. Ele queria muito me acompanhar e prometeu muitos minutos de jogo. Ele disse que precisava de mim. Muitas vezes eu ficava no banco durante três partidas consecutivas e na quarta, eu jogava como titular. Isso não é suficiente para mim, nesta fase da minha carreira. Não foi fácil ter deixado o Ajax. É um bom clube e tínhamos uma equipe muito forte, mas eu precisava pensar na minha carreira, no meu crescimento”
“Em determinado momento, vi que não tinha mais chances e começava a ficar irritado com isso. Eu tenho o hábito de ligar para o meu pai depois de cada treino antes dos jogos. Quando eu ainda jogava no Fortuna Sittard, ele sempre me dizia para me divertir. No Ajax, ele me perguntava se eu seria reserva novamente a cada ligação. Isso realmente machuca”
A imprensa italiana está cheia de elogias para Perr Schuurs. Nas ruas de Turim, sua popularidade está aumentando. Ele é frequentemente abordado para uma selfie.
“Torino é realmente o clube do povo, da cidade. Nós temos mais torcedores aqui do que a Juventus. Eles vêm principalmente de outras partes da Itália”
Perr Schuurs sabia que precisaria sair do AFC Ajax para se desenvolver, mas ele conta como foi parar no norte da Itália, para defender o Torino.
“Outros grandes clubes também se interessaram, não vou negar. Mas, como eu disse, queria jogar o máximo possível. Caso contrário, eu teria ficado no Ajax. O meu pensamento era sair da Holanda e ir para a Alemanha. A Bundesliga é ótima e eu falo bem o alemão. Além disso, todos sabem que sou um homem de família. Limburgo não é tão longe. Mas a história do Torino foi o fator decisivo para eu vim. Após duas conversas informais, o diretor de futebol do Torino foi até Amsterdã. Nós conversamos bastante. Houve mais ofertas de outros clubes, tanto da Alemanha quanto da Itália, mas os dirigentes do Torino se mostraram muito preparados para me levar para o clube. Eles queriam jogar com três zagueiros, eu seria o homem da sobra ou jogaria pela direita. Seria a oportunidade de aprender outro esquema de jogo”
Para Perr Schuurs, o desenvolvimento enquanto profissional, sempre esteve acima de qualquer dinheiro.
“É assim que sempre fiz e faço as minhas escolhas. Quando adolescente, escolhi ficar no Fortuna Sittard. Quando tinha quinze anos, poderia ter ido para o Liverpool, mas preferi seguir para as categorias de base do PSV. Isso foi bom demais para o meu desenvolvimento. Depois, fui para a base do Ajax e lá você sempre se torna campeão de algo. Na segunda divisão, joguei pelo Sparta Rotterdam. Nesse momento, estava aprendendo a sobreviver como time. Agora jogo na Série A italiana, em um clube que não briga pelo título do campeonato. Eu enfrento atacantes da Juventus, AC Milan, Internazionale, SSC Napoli, AS Roma, SS Lazio e AFC Fiorentina. Agora jogo quatorze jogos contra times da Liga dos Campeões, toda temporada. Essas são partidas de que preciso para meu desenvolvimento. Os clubes menores do que esse que mencionei, tem atacantes de ponta em seus elencos e toda rodada, nossas qualidades são testadas. Além disso, nosso treinador é extremamente exigente. Temos que seguir nosso adversário por todo o campo. Se estiver enfrentando Romelu Lukaku for ao banco de reservas, pegar instruções como treinador, eu tenho que ir atrás. É uma escola fantástica. Não é à toa que chamam o futebol italiano como a escola para defensores”
Perr Schuurs está a caminho de completar seu primeiro ano no Torino. Quando ele disse sim em agosto, foi combinado que ele teria tempo para se assentar. Mas, antes do esperado, ele se tornou um jogador titular da equipe.
“Não é incomum para mim pensar que fomos bastante mimados no Ajax. Tudo era arranjado para nós, tudo estava pronto. Aqui você está muito mais por conta própria, as estruturas são um pouco menores. Tem que partir muito mais de nós mesmos. Dificilmente temos dias de folga. Nos treinamentos, temos que correr cerca de sete a oito quilômetros. No Ajax, era normal que após os treinamentos, eu fosse para academia, fazer alguns exercícios para minhas pernas. Isso não é necessário aqui. No Ajax, costumávamos pedalar nos dias de gola. Isso não é só proibido aqui, como você não deveria querer fazer isso após dias de treinamentos tão intensos. Nós precisamos de fato de descanso. Tudo gira em torno do dia seguinte. Isso ocorre porque a comissão técnica acompanha muito de perto os treinamentos, e caso não treinemos bem, ficaremos no banco de reservas. Aprendi isso aqui na primeira semana. Nós tínhamos jogado na quarta-feira e outro jogo estava marcado para o domingo. Na sexta-feira, jogamos onze contra onze. Na Holanda, todo mundo pega leva. Aqui é diferente. Imediatamente recebi uma reclamação do treinador. Pelo menos eu acho que foi, porque ele falou em italiano comigo. Mas pela forma que ele falou comigo, posso dizer que ele não estava muito contente com meu treinamento”
“Nós teremos dois dias de folga no Natal. Eu saio dia 24 e volto dia 25. Essa mudança de Amsterdã para Turim, parece ser menor do que eu dei quando cheguei no Ajax. Essa foi a primeira vez que saí de casa. No Ajax, eu consegui me desenvolver como jogador, mas ainda como pessoa. Eu era um menino de Limburg, um pouco tímido e modesto. Claro que fiquei triste de não conseguir me consolidar no Ajax. Mas nos primeiros anos não ousei dizer nada sobre isso. Também não me aproximei do treinador. Talvez eu tenha sido passivo demais em relação a isso. Depois de um tempo, comecei a conversar mais com Erik ten Hag. Queria entendedr o que precisaria fazer para melhorar minhas chances de ser titular. Amadureci muito nos últimos anos. Recentemente, tivemos dois dias de folga, por causa dos jogos das seleções. Eu tive que ir para a Holanda e fui ao treinador e perguntei se poderíamos treinar uma hora antes para que eu pudesse pegar meu voo. Quatro anos atrás, eu nunca teria ousado fazer isso. O treinador não viu problema algum nisso”