Até agora, as seleções asiáticas estão conseguindo complicar a vida de muitas seleções de grande porte. A Arábia Saudita derrotou a Argentina e o Japão também surpreendeu a Alemanha. A Coreia do Sul começou sua campanha no mundial com um empate contra o Uruguai e o Irã pode sonhar com uma vaga nas oitavas de finais da Copa do Mundo após vencer País de Gales por 2 a 0. Até agora, apenas o país sede da Copa do Mundo, o Catar não conseguiu somar pontos no torneio.
Dado o desempenho das outas seleções deste continente, isso é estranho. O Catar é o orgulhoso campeão da Ásia desde 2019. A caminho da vitória no torneio, a equipe de Félix Sánchez venceu a Arábia Saudita, Coreia do Sul e Japão. Neste início de Copa do Mundo, Félix Sánchez contará com os mesmos oito jogadores titulares na final da Copa da Ásia vencida contra o Japão. Só que desta vez seu time joga como se nunca tivessem estado juntos em campo antes.
O que pode justificar o baixo rendimento da seleção do Catar é que a equipe de Félix Sánchez jogou mais amistosos do que partidas que valessem algo e isso pode ter prejudicado bastante o nível de competição da equipe.
Talvez por isso um time que se sagrou campeão asiático teve mais chances contra os Estados Unidos na semifinal da Copa Ouro e venceu o Egito na disputa da Copa Árabe.
O treinador do Catar, Félix Sánchez tem uma explicação diferente para isso: “Nos faltou confiança e fomos traídos por nosso nervosismo. Na minha opinião, não foi tanto a falta de jogos oficiais durante essa preparação para a Copa do Mundo. No passado, jogamos contra países de alto nível e pudemos jogar muito bem” disse ele após a derrota por 2 a 0 para Equador. No entanto, a mesma coisa aconteceu contra Senegal. O Catar começa mal o jogo e só consegue jogar bem depois que o jogo está praticamente perdido.
As estatísticas ofensivas não são tão dramáticas quanto o jogo às vezes parece. Na verdade, o Catar registrou mais tentativas de gol do que a Holanda até esse momento da Copa do Mundo. Outro fato marcante é que o país-sede também tem feito séries de dez passes consecutivos com mais frequência do que a Holanda. Embora esses números não digam nada.
Embora Félix Sánchez venha das categorias de base do FC Barcelona, ele começou jogando no 5-3-2 no Catar na esperança de conseguir um resultado melhor do que a derrota.
Essa forma de jogar é especialmente agradável para os dois atacantes. Akram Afif normalmente é um lateral esquerdo sem clube. Na seleção, ele tem mais espaço para atuar ao lado do atacante Almoez Ali. Akram Afif é o driblador que tem que criar algo com ações individuais. Ele estabeleceu um recorde de assistências no título da Copa da Ásia. Akram Afif também é o homem com mais chances criadas e dribles do Catar nesta Copa do Mundo. Almoez Ali foca nas chances de finalizações, o que não está indo muito bem para ele nesta Copa do Mundo.
Taticamente, o Catar está tentando fazer algo parecido com a seleção holandesa, mesmo possuindo jogadores com menor nível técnico. Ambos os zagueiros estão avançando as linhas. Abdelkarim Hassan desempenha um papel importante na construção das jogadas. Ele tem um passado como lateral esquerdo e por isso gosta de avançar com a bola nos pés. Além disso, Abdelkarim Hassan gosta de mudar o jogo com passes cruzados. Se a Holanda conseguir pressioná-lo, a estratégia do Catar será muito prejudicada.
O Catar fica vulnerável se a posse de bola for perdida no seu próprio meio-campo. Certamente, contra o Equador, muitas vezes a organização não estava em ordem.
Os zagueiros do Catar muitas vezes estão avançando para construir as jogadas, deixando espaços nas costas para a seleção holandesa contra-atacar. Então é importante que a dupla de atacantes corra rapidamente para o lado ao roubar a bola.
Defensivamente, o Catar é muito passivo. Onde as surpresas impressionam este torneio ao colocar pressão em todo o campo, o país-sede muitas vezes cai voluntariamente em um bloqueio. O Catar quase não faz movimentos para tentar se defender com as linhas mais altas.
A seleção holandesa frequentemente tenta pressionar os zagueiros adversários com Denzel Dumfries e Daley Blind. O Catar não faz isso. Quando o adversário tem a posse de bola, os zagueiros realmente formam uma defesa de cinco homens, com os três zagueiros centrais. Os atacantes costumam correr em direção as laterais para formar mais uma linha na frente da defesa e fechar o centro o máximo possível.
A pressão lateral é muitas vezes feita pelos meio-campistas externos que precisam percorrer enormes distâncias nestas situações. Isso faz do Catar um adversário ideal para a Holanda. A seleção holandesa sofrerá menos pressão no seu meio-campo. A chave é encontrar os espaços nas laterais que o Catar proporciona aos seus adversários.
O fato do Catar não ter uma ofensiva e defensiva aérea forte, ajudará bastante a Holanda. Defensivamente, faltam bons cabeceadores e um goleiro confiável. Cada cruzamento e bola parada é uma boa possibilidade de marcar gols. Equador e Senegal marcaram de cabeça contra o Catar. Desse ponto de vista, pode ser uma boa alternativa começar com Luuk de Jong contra o Catar.
No momento em que rouba a bola, o Catar procura Akram Afif rapidamente. Ao fazer com que a bola chegue nele, Akram Afif tende a trazer o jogo para a lateral esquerda. Isso exige um zagueiro pela direita que tenha condições de defender bem lateralmente. É por isso que este jogo parece pedir mais por um zagueiro como Jurriën Timber do que Matthijs de Ligt.
CONCLUSÃO
O Catar certamente não impressionou nesta Copa do Mundo. A equipe de Félix Sánchez parece estar sob grande tensão. Muitas vezes mostra o quão vulnerável a equipe é com cruzamentos e bolas paradas. Para a seleção holandesa, a melhor notícia parece que o Catar geralmente não aplica uma pressão muito agressiva. Talvez seja por isso que a Laranja conseguirá tempo e espaço pela primeira vez para ganhar confiança com a posse de bola. Melhorar é preciso nesse aspecto, porque até agora o Catar criou mais e melhores chances do que a Holanda.